Estudo para saudade [Évora] no Fórum

Por em 19 de Outubro de 2014

Desenvolvida em colaboração com Thom Laepple, cuja primeira versão foi realizada em 2007, Estudos para saudade [Évora], consiste num conjunto escultórico, cujo sistema reativo está ligado a um geófono e a um sismógrafo, que captam dados sísmicos do lugar.
Estes dados são gravados em tempo real e convertem-se na fonte de informação que determina e produz os respetivos movimentos simulados na obra, mantendo-a em constante transformação. Desta forma, dados reais dos sinais sísmicos e das vibrações do lugar tornam-se visíveis através dos movimentos simulados das peças escultóricas, cujas formas lembram montanhas.

Os sensores que captam os micro-impulsos sísmicos do espaço expositivo e do espaço circundante, incluindo o ruído ambiente da Terra, enviam estes dados ao sistema informático, que os associa a movimentos pré-programados. O sistema é sensível à mais ligeira alteração, inclusive à vibração do solo causada pelo peso e movimento dos visitantes na área.

O conceito da saudade, ao qual a artista faz referência explícita no título da obra, vincula-se à perceção humana da natureza e da paisagem como elementos estáveis e inalteráveis. Essa ideia nostálgica da relação entre ser humano e natureza advém do anseio de estabilidade. Através dos movimentos e alterações contínuos na obra, Kerstin Ergenzinger aborda a questão da variabilidade, da mera aparência de estabilidade do mundo em que vivemos.

Estas esculturas cinéticas, cujos elementos constituem o que a artista denomina máquinas-saudade, podem ser consideradas simulações pseudocientíficas de uma paisagem. As formas e as proporções criadas a partir da mecânica do sistema são o resultado de uma extensa pesquisa gráfica em zonas montanhosas, realizada por Kerstin Ergenzinger durante caminhadas a pé, e da posterior análise das proporções naturais delineadas nos desenhos e da sua aplicação formal e estética na criação da instalação.
Kerstin Ergenzinger
Estudou Belas Artes na Universidade de Artes de Berlim, no Chelsea College of Art and Design de Londres e Media Art na Academia de Media Arts de Colónia. A sua prática artística gira em torno de uma pesquisa sobre as condições humanas sensoriais em relação com o meio físico e conceptual. O seu trabalho é regularmente apresentado em exposições individuais e coletivas internacionalmente. Entre outras, cabem destacar suas exposições na Kunsthalle Malmö; no Centro de Arte Contemporânea Den Frie, em Copenhaga; Kunststation St. Peter, em Colónia e Kunsthalle, em Budapeste. Em 2014, participou na BIAN – Bienal de Arte Digital de Montreal com duas exposições individuais e estão previstas para breve exposições individuais no Schering Stiftung, em Berlim, e no Kunstmuseum, em Bonn. Em 2013, recebeu em Madrid o prestigiado prémio VIDA 15,0 (2013), para Pesquisa Internacional de Arte e Vida Artificial com o trabalho Rotes Rauschen (Ruido Vermelho). Esta obra foi também selecionada para o prémio do Governo da Baixa Saxónia para a Educação Superior.

Até 26 de outubro de 2014

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