Educação: da ”festa“ aos resultados

Por em 4 de Maio de 2012

Nas recentes audições parlamentares sobre o trabalho da empresa Parque Escolar, ficou para a memória dos portugueses o testemunho da ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues. “Foi uma festa” consta que foi dito e reafirmado. Tal foi, seguramente, mais um lapso e um fait-diver do que algo com substância.

Mas mostra, de forma evidente, alguma ligeireza como se abordam as questões da educação em Portugal. Como em muitos outros casos, atirou-se dinheiro para cima dos problemas na esperança que eles se resolvam. Neste caso, basta investir 3 minutos para ler o sumário executivo do relatório do Tribunal de Contas para perceber que isto não é questão de sensibilidade com a questão do investimento em educação mas um caso de gestão negligente e danosa!

Como é possível passar de um patamar de 940 milhões para modernizar 332 escolas para uma fasquia de 3.168 milhões e abranger apenas 205 escolas? Algo que deve ser analisado e desta avaliação devem-se extrair responsabilidades.

Mas olhemos para a educação de uma forma mais abrangente e mais objectiva. Creio, e provavelmente não serei o único, que os problemas da educação não se resolvem essencialmente com edifícios e infra-estruturas de apoio.

Mais do que a parte “física”, importa a componente intangível, pedagógica – professores competentes e motivados, conteúdos adaptados aos desafios do mundo actual e metodologias centradas na eficácia das aprendizagens. Alguém tem ouvido debate sobre estes temas? Provavelmente, não.

Nas últimas décadas, sacrificou-se a qualidade à quantidade, o que até posso tentar compreender em função da necessidade de escolarizar toda a população.

Mas, infelizmente, na última meia dúzia de anos sacrificou-se também a exigência, parecendo que estamos mais preocupados com as estatísticas das “aprovações” do que com os resultados concretos.

Em vez de garantir a igualdade de oportunidades, e deixar que a educação seja um factor de mobilidade social, baseado no mérito, procurou-se que todos, crianças e jovens, saiam “iguais” do sistema educativo, nivelando claramente por baixo.

É necessário que, sem “revoluções” constantes e desnecessárias, a educação seja balizada nas questões fundamentais – domínio da língua, da sua expressão, de uma cultura matemática e científica e, se possível, crie as bases para a criatividade, a inovação e o espírito crítico.

Promova-se a exigência, o mérito, a participação activa da comunidade e a excelência pedagógica dos professores. Sem “festas”, sem polémicas artificiais, mas com orientação aos resultados que todos esperamos: aprendizagens que conduzam aos conhecimentos e às competências essenciais.

 

Sobre Carlos Sezões

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