Tempos de Mudança

Por em 18 de Abril de 2016
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Chegou a Primavera. Apesar da chuva alternar com o sol, apesar da temperatura amena do dia contrastar com o frio agressivo da noite, o tempo está a mudar. Respiram-se novos odores.

Umas vezes de forma mais tímida, outras de forma mais radical, umas vezes desejadas e planeadas, outras inesperadas, são inúmeras as mudanças que ocorrem nas nossas vidas.

As mudanças, tal como a Primavera, apesar de algumas incertezas, são portadoras de esperança.

No domingo de Páscoa mudou a hora. Nos últimos dias mudou o Presidente da República e muitas mudanças vão acontecer com o novo Orçamento de Estado aprovado na Assembleia da República.

Sinal claro de mudança foi o discurso de tomada de posse do novo Presidente, tão diferente do discurso pronunciado pelo seu antecessor, no mesmo local, cinco anos antes. Do novo Presidente espera-se que devolva ao cargo a dignidade que a Constituição lhe confere.

Uma mudança muito desejada pela maioria dos portugueses e que ficou reforçada nos primeiros atos e nas primeiras intervenções do novo Presidente. São evidentes as diferenças relativamente ao antecessor: na forma e no conteúdo. Enquanto Cavaco Silva defendeu, incentivou e protegeu as políticas impostas pelo “seu” governo de direita, o atual Presidente afasta-se da política seguida nos últimos quatro anos quando defende que “finanças sãs desacompanhadas de crescimento e emprego podem significar empobrecimento e agravadas injustiças e conflitos sociais”.

Contra os que querem resistir à mudança, a maioria de esquerda que apoia o Governo do Partido Socialista aprovou o Orçamento para 2016. Foi o orçamento mais discutido, mais negociado e mais participado no pós 25 de Abril.

Contra as pressões internas e externas da direita e dos grupos económicos poderosos foi aprovado um orçamento radicalmente diferente do que seria o orçamento PSD/CDS. Um orçamento que prova que é possível fazer diferente honrando o compromisso de virar a página da austeridade, aumentando o rendimento das famílias, repondo os salários na Função Pública, atualizando as pensões, reduzindo a sobretaxa, aumentando o salário mínimo e as prestações sociais (Complemento Solidário para Idosos, Rendimento Social de Inserção e Abono de Família).

Este orçamento que aumenta o rendimento das famílias, reduz o défice e a dívida, cumpre a Constituição, e obtém, para além do voto do PS, os votos favoráveis do PCP, do PEV e do Bloco e, para desilusão de PSD e CDS, merece luz verde de Bruxelas.

Mudança decisiva houve na relação do Governo de Portugal com as instituições europeias. Uma posição de submissão face a Bruxelas deu lugar a uma posição de firmeza na defesa dos compromissos eleitorais assumidos com os portugueses.

Tal como na Primavera se respiram novos odores, respira-se um novo ar político em Portugal.

Mudar é fundamental. Para manter a esperança.

 

Norberto Patinho

Sobre Redacção Registo

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