Agricultura e seca no Alentejo
As fracas precipitações acumuladas até ao momento começam a ameaçar seriamente a próxima campanha de regadio, nomeadamente das culturas mais exigentes em água.
Se nos sistemas de rega coletivos estatais a situação ainda não é muito preocupante, nas barragens privadas a situação é muito mais grave porque as reservas foram, de um modo geral, esgotadas na campanha anterior.
Prados, Pastagens e Culturas Forrageiras
O estado do tempo continuou a influenciar negativamente o crescimento e produção de massa verde nos prados, pastagens e culturas forrageiras.
O seu aspeto vegetativo é bastante fraco e insuficiente para a alimentação dos efetivos pecuários que estão a ser alimentados principalmente com as forragens colhidas e armazenadas no ano agrícola anterior (palhas, fenos e silagens) e com as ramas das podas dos montados e olivais.
Algumas explorações já esgotaram as suas reservas, estando desde há algum tempo a adquirir palhas e fenos no exterior, bem como alimentos compostos.
As culturas forrageiras anuais semeadas mais cedo germinaram bem, mas devido à permanente ausência de precipitação, ventos moderados a fortes e geadas contínuas têm tido um desenvolvimento muito fraco, comprometendo a possibilidade de pastoreio e a obtenção de massa verde para a produção de alimentos para conservar, fundamentais para fazer face à suplementação do próximo outono/inverno. As sementeiras efetuadas a partir do início de Dezembro germinaram muito mal estando a grande maioria delas comprometidas.
Verificou-se um acréscimo no preço do feno e da palha, comparativamente a semanas anteriores.
Cereais de Outono/Inverno
Apesar das fracas precipitações acumuladas a maioria das searas apresenta ainda um regular aspeto vegetativo, com exceção das implantadas em zonas de encosta e nos solos mais fracos, aonde a falta de humidade mais se tem feito sentir.
As culturas instaladas mais cedo, devido à existência de humidade nos solos e a alguma precipitação então ocorrida, germinaram bem e desenvolveram-se normalmente até ao aparecimento das primeiras geadas.
Como a ausência de chuva não tem permitido a realização das adubações de cobertura o seu aspeto vegetativo tem vindo a piorar e caso não chova nos próximos dias a situação poderá tornar-se irreversível.
As sementeiras efetuadas a partir do início de Dezembro, especialmente no que se refere à cevada dística, tiveram uma péssima germinação. Alguns produtores optaram mesmo por não semear ou não concluir as sementeiras.
Citrinos
As geadas intensas têm afetado bastante os pomares de citrinos provocando a queda dos frutos e afetando a qualidade da produção.
O volume de produção deverá ser semelhante ao do ano anterior, mas com frutos de menor calibre. Devido à ausência de precipitação tem havido necessidade de efetuar regas.
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