Bispo de Beja denuncia ”indícios“ de trabalho escravo no Alentejo

Por em 23 de Dezembro de 2011

O Bispo de Beja denuncia indícios de “trabalho escravo” de asiáticos no Alentejo. Em declarações feitas à Renascença a propósito do Dia Internacional do Migrante, D. Vitalino Dantas regista que há estrangeiros a trabalhar dia e noite em explorações agrícolas alentejanas.
“Em certos sectores, especialmente na Agricultura, faz recurso a grandes grupos sobretudo de países asiáticos que vêm e ficam quase num gueto…ali fechados. Creio que haverá talvez alguma espécie de trabalho escravo. Estão habituados lá nos seus países a um trabalho mais escravo ainda sem grandes direitos”.
O bispo lembra que ainda que algumas destas explorações foram visitadas recentemente por Cavaco Silva. “Ainda no outro dia lá visitava uma exploração agrícola e fez grandes elogias, mas a grande maioria das pessoas que lá trabalham são grupos vindos da Ásia que se sujeitam àquele ritmo de trabalho sazonal quase dia e noite”.
Durante as suas visitas pastorais, D. Vitalino Dantas diz ter constatado a presença de intermediários que exploram os asiáticos no Alentejo, os quais vivem num nível de vida superior à custa dos que trouxeram.
“Não digo que seja generalizado, mas há pólos e alturas do ano, nomeadamente nestas fases em que há mais necessidade de mão-de-obra, em que há o aproveitamento claro destas pessoas, aproveitando o seu desconhecimento da legislação portuguesa. São pessoas que são quase importadas e colocadas no nosso país de formas enviesadas, ou até ilegais”, confirma Casimiro Santos, coordenador da União dos Sindicatos do Distrito de Beja.
A sazonalidade acaba por “potenciar a exploração de homens e mulheres” provenientes de países onde o trabalho muitas vezes também se assemelha à “escravatura”.
Na sequência da denúncia de D. Vitalino Dantas, as autoridades policiais decidiram reforçar a vigilância aos campos agrícolas do Alentejo para encontrarem eventuais casos de exploração laboral e escravatura. Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e GNR dizem estar preocupados, sobretudo, com os trabalhos sazonais, como é o caso da apanha da azeitona, que leva para a região um grande número de imigrantes, a maioria oriunda de países de Leste.
“A existirem, estas situações afectarão sobretudo cidadãos estrangeiros, a trabalharem em condições precárias e que ficam na região alguns meses”, disse ao Correio da Manhã fonte da GNR envolvida na operação ‘Azeitona Segura’, que vigia os campos agrícolas durante esta campanha no olival, que decorre até final de Fevereiro.

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