Candidatura do Cante a Património da Humanidade debatida na bienal cultural Monsaraz Museu Aberto

Por em 27 de Julho de 2012

A bienal cultural Monsaraz Museu Aberto que está a decorrer na vila medieval de Monsaraz até ao dia 29 de julho com um programa dedicado ao Cante alentejano, ao Fado e ao Património, promoveu no domingo um fórum sobre a salvaguarda do Cante, numa iniciativa organizada pelo Município de Reguengos de Monsaraz e pelo Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz. Neste fórum que decorreu na Igreja de Santiago, participaram Ana Paula Amendoeira, Presidente da Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), Paulo Lima, que pertence ao Comité Cientifico da candidatura do Cante a Património Cultural Imaterial da UNESCO, e Ceia da Silva, Presidente da Turismo do Alentejo – ERT.

Paula Amendoeira apresentou uma comunicação denominada “Património Cultural Imaterial” e referiu que o Cante é “uma manifestação que tem renovado o seu repertório nos últimos anos e isso é um sintoma de vitalidade muito importante”. A propósito da candidatura do Cante a Património da Humanidade, a responsável do ICOMOS explicou que “a convenção do património cultural imaterial é muito determinada em referir e sublinhar no seu texto a importância das comunidades no reconhecimento deste património cultural, mais do que propriamente os Estados. Quem apresenta as candidaturas são de facto os Estados mas quem tem que ver reconhecido esse património, quem tem de ser o protagonista desse património, ao contrário das outras categorias de património das listas da UNESCO, são as comunidades que o produzem. É por isso muito importante que se tenha em consideração que o Cante é património de uma região inteira, que é o Alentejo, e esse reconhecimento tem de partir das comunidades envolvidas e as próprias comunidades verem-se reconhecidas na candidatura, com a sua participação efetiva”.

 

Para Paulo Lima, o atraso na apresentação da candidatura do Cante deve-se à intenção de “aprofundar a discussão com os grupos corais e com todas as instituições para melhorar o documento, pois em comparação com o Fado, que é uma realidade muito pequena de apenas um município, neste caso temos 142 grupos corais e muitos municípios envolvidos”. Para este responsável do Comité Cientifico, “o que é fundamental na candidatura é a identificação, a dignificação, a sustentabilidade e a transmissão do Cante”.

Ceia da Silva referiu as potencialidades turísticas do Alentejo e elogiou o trabalho dos grupos corais e das pessoas envolvidas “que conseguiram sem dinheiro, sem interesses económicos, com o verdadeiro voluntarismo, manter os grupos corais bem vivos. São estas pessoas que pelo seu trabalho merecem o reconhecimento da UNESCO”. O Presidente da Turismo do Alentejo considera que “esta candidatura está no terreno e devemos todos apoiá-la e unir-nos em torno do seu valor, porque acima de qualquer protagonismo deve estar o Cante e os grupos corais”.

José Calixto, Presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, afirmou no fórum que “as várias entidades que produzem a candidatura devem ter a capacidade de envolver o máximo de instituições, de grupos corais e associações. Não há candidaturas perfeitas mas a mensagem que quero deixar é que esta candidatura tenha todas as condições que a leve ao sucesso”. O autarca disse ainda que “no âmbito da salvaguarda que desejo para o Cante, já lançámos o desafio a todos os grupos corais do concelho para que gravem um CD, à semelhança do que já fez o Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz e do projeto que a autarquia desenvolveu com alunos da Escola Básica do 1º Ciclo de S. Pedro do Corval”.

A programação do festival Monsaraz Museu Aberto está a celebrar a recente escolha do Fado como Património Cultural Imaterial da UNESCO e a afirmar a importância cultural, social e histórica do Cante alentejano enquanto merecedor de igual estatuto, associados à monumentalidade da vila de Monsaraz e desta região. O Monsaraz Museu Aberto é organizado pelo Município de Reguengos de Monsaraz desde 1986 e realiza-se com periodicidade bienal desde 1998.

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