Seca condiciona vindimas

Vindimas condicionadas pela falta de chuva
As vindimas no Alentejo já começaram, mas a quantidade e a qualidade da produção ainda são
incertas, por causa da seca e temperaturas elevadas das últimas semanas.
As vindimas no Alentejo já começaram, mas a quantidade e a qualidade da produção ainda são
incertas, porque “as condições não foram as melhores”, devido à seca e temperaturas
elevadas, avisou esta segunda-feira o presidente da comissão vitivinícola.
O presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), Francisco Mateus,
considera que, para a vinha, “as condições não foram as melhores, por causa do calor e por
haver pouca água no solo”.
Com “menos humidade na terra”, devido à seca, não haverá “cachos cheios”, assinalou em
declarações à Lisa, notando, porém, que este até pode ser “um factor positivo”, por poder
gerar “uvas mais concentradas”, para um ano vitivinícola de boa qualidade.
Segundo o responsável, a CVRA comunicou este ano ao Instituto da Vinha e do Vinho (IVV)
uma estimativa de produção “entre menos 5 por cento e mais 5 por cento” em relação ao ano
passado, a partir de uma previsão com “base no pólen” feita pela Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto.
“Essa previsão apontou para um número bom de cachos, só que nós tivemos menos água”,
explicou Francisco Mateus. Ou seja, até Junho, choveu “menos 50 por cento do que era
normal”, pelo que “o peso de cada cacho vai ser menor, por causa da [falta de] água”.
Adiantando que a estimativa da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto é do “início
de Julho”, o presidente da CVRA observou que, nessa altura, ainda não tinham ocorrido os dias
de maior calor e faltavam cinco semanas para o arranque das vindimas. “É, de facto, uma
previsão que não nos dá para estarmos nem a estimar um aumento, nem a estimar uma
diminuição da produção, precisamente, por essa incerteza de todos os dados que estão em
cima da mesa”, frisou. Só “quando as uvas forem esmagadas” se saberá “o rendimento de
transformação”.
Devido ao calor extremo, ocorrido sobretudo em Julho, já se registaram “alguns choques de
escaldão no Alentejo”, mas estes casos, “à partida, não são nada de preocupante”, avançou
Francisco Mateus. De acordo com o responsável, alguns produtores do Alentejo deram início à
vindima no final de Julho e outros irão fazê-lo durante este mês, num processo que se
prolonga durante cerca de dez semanas. “Normalmente, a vindima no Alentejo começa de Sul
para Norte e de Este para Oeste”, apontou.
Segundo Francisco Mateus, em 2021, foram produzidos no Alentejo “126 milhões de litros” de
vinho, sendo esta “a produção mais alta dos últimos 30 anos”.
A CVRA foi criada em 1989 e é responsável pela protecção e defesa da Denominação de
Origem Controlada (DOC) Alentejo e da Indicação Geográfica Alentejano, certificação e
controlo da origem e qualidade, promoção e fomento da sustentabilidade.
Numa região que é líder nacional em vinhos certificados, com cerca de 40 por cento de valor
total das vendas num universo de 14 regiões vitivinícolas em Portugal.
Com uma área de vinha de 23,3 mil de hectares, 30 por cento da produção do Alentejo tem
como destino a exportação para cinco destinos principais, designadamente Brasil, Suíça,
Estados Unidos da América, Reino Unido e Polónia.
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