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A democracia foi posta de lado

Esse era o objectivo da direita neo- liberal. Criar a crise, impor dívida, esvaziar de poder as instituições políticas, pô-las nas mãos do poder económico.
Conseguiram. Quem está no poder não são políticos, são tecnocratas que nas horas vagas se entretêm a fazer jogos políticos. Quando nos queixamos dos políticos no poder, lamentamo-nos por algo que já não existe. Quem aparentemente o detém é apenas serventuário de interesses económicos sem rosto identificável. O poder de decisão há muito saiu da esfera dos governos, ou dos parlamentos. Os países são províncias do capital financeiro, liderados por sátrapas escolhidos a dedo nos gabinetes de Wall Street.
Não existe aqui nenhuma humanidade, apenas uma sociedade cujo modelo não poderia deixar de ser uma imensa linha de montagem, constituída por robôs que vão sendo substituídos à medida que se vão avariando ou tornando obsoletos.
O medo é a sua fonte de energia, medo de perder o emprego, medo da doença, medo do conflito, medo de se mostrar o medo que se tem. Foi por medo que aqui chegamos, é por medo que aqui nos mantemos.
Durante vários séculos existiu na Europa uma figura jurídica denominada “contrato de escravatura”, consistia na cedência da autodeterminação em favor de alguém que se obrigava a sustentar em vida quem o fizesse. As pessoas transformavam-se em mercadoria por sua vontade. A liberdade em troca do sustento. Este é para mim o mais desconcertante exemplo da necessidade transmutada em medo.
Acreditamos que os tempos são outros, que hoje em dia tal não seria possível, mas… se atentarmos no que nos rodeia e quisermos definir com propriedade o que vemos, que nome poderemos dar às situações de trabalho precário?
Onde está a rede securitária dos trabalhadores precários? Será que são justamente pagos pelo seu trabalho? Terão direito, na prática, a recusar horários excessivos que lhes são impostos? Ou a recusar funções para as quais não foram contratados? Poderão protestar, fazer greve, sem que o inevitável despedimento seja a consequência desse protesto?
O que mudou de então para cá foi apenas o modo como a exploração se expressa, não mudou a essência das coisas, não deixaram de existir exploradores, não cessou a hereditariedade da condição de explorado.
Nada do que foi conseguido em termos de direitos de cidadania, nada do que foi conseguido no sentido de melhores condições de vida, foi acordado. Tudo se conquistou. Tudo se vai perdendo até que nada reste do que foi o Estado Social, do que foi a igualdade de direitos perante a lei, do que foi a própria lei, tudo se esfuma no medo.
Mas medo de quê?
De perder o que se não tem?
De perder o que nunca se teve?
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