Complexo de esquerda

Por em 9 de Maio de 2020
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Em plena pandemia de Covid-19, Ferro Rodrigues, Presidente da Assembleia da República, resolveu propor a celebração do 25 de abril, nos habituais termos, sem perceber que seria um excelente momento para rever o figurino, mais que ultrapassado.  Não obstante, e fazendo tábua rasa do isolamento social determinado pelo seu governo e visado pelo Presidente da República, Ferro Rodrigues, do alto da sua sobranceria, fez coabitar cerca de 100 pessoas sob o mesmo teto, uma manhã inteira, para se fazer ouvir. É a única explicação que se encontra para tamanha insensatez. De facto, já nos habituámos a ter pequenos déspotas a liderar instituições democráticas de cúpula em Portugal.

 Depois do governo nos pedir os maiores sacrifícios pessoais limitando-nos os direitos fundamentais que a democracia nos concedeu, e dos portugueses terem correspondido de forma extraordinariamente exemplar, permitindo conter a disseminação do vírus, o Presidente da Assembleia da República deu um péssimo sinal ao fazer exatamente o que o seu governo proibiu! Depois de cerca de dois meses de isolamento, de termos prescindido das cerimónias da Páscoa, da merecida homenagem aos nossos familiares falecidos, de estar em causa o percurso académico de milhares de alunos, sacrificado em função da vida, bem maior, a GCTP protagoniza, no dia 1 de maio, com vaidade e soberba, um espetáculo desnecessário e decrépito que uma democracia madura já deveria ter renovado. Afinal… a democracia está suspensa! Mas para alguns!! Depois de prescindirmos do dia da Mãe, de milhares de crianças verem os seus aniversários comprometidos, pela impossibilidade de reunir família e amigos, de milhares de portugueses terem perdido o seu sustento, das economias familiares atravessarem inesperadamente uma hecatombe, das PME’s aguardarem pelos apoios do Estado que não chegam, das vidas suspensas à espera de um milagre ou de uma vacina, a CGTP e o Partido Comunista, acima do exemplo nacional dado pelos Portugueses, premeiam-nos com uma manifestação de arrogância!

Afinal foram suspensos os princípios e convicções de alguns em prol da comunidade, porque se impunha a proteção dos mais frágeis, mas para sair à rua gritando palavras de ordem contra quem cria postos de trabalho e faz avançar o país… já não há cuidado ao próximo que se imponha, nem Estado de Emergência que resista.

Por seu lado, a UGT deu uma lição de bom senso e recato ao Presidente da Assembleia da República e à concorrência, mostrando que, com respeito pelos 10 milhões de portugueses, existem formas eficazes de comemorar o dia do trabalhador, sem melindrar as imposições que sofremos. Sobretudo, pelo respeito que nos merecem (e deveriam merecer à CGTP) aqueles que por via desta pandemia perderam os seus empregos, ou estão em casa em regime de lay off e sofrem pela incerteza do seu futuro laboral, vivendo tempos de privação e angústia. Milhões de trabalhadores e respetivas famílias se sacrificaram e ficaram em casa para obedecer a um desígnio nacional, perdendo o emprego e vendo os seus rendimentos diminuir, sem qualquer contrapartida, apenas porque somos um povo grande e solidário, para sermos compensados com ajuntamentos de esquerda na capital, em gaudio, por aqueles que deveriam ser os primeiros a dar o exemplo no respeito pelas restrições impostas pelo Estado de Emergência. É o que dá sermos governados por uma geringonça em que o Primeiro-ministro deve obediência à esquerda ortodoxa e radical. Somos governados por um complexo de esquerda!

Exemplar a forma como a Igreja Católica tem lidado com a pandemia! Uma verdadeira lição de humildade e amor ao próximo que nos deveria inspirar a todos!!! A Imagem do Papa Francisco rezando sozinho na Praça de S. Pedro ficará para a História da Civilização! Que desprendimento! Que elevação! A que deveria assistir a qualquer político!

Momentos de crise exigem líderes de exceção. Temos poucos em Portugal e, seguramente, a líder da CGTP não é uma delas. Não foi capaz de resistir à tentação da sua estreia, nem mesmo em prol do exemplo que deveria ter dado. Não foi capaz de se adaptar aos novos tempos e realidades e reinventar uma atividade sindical comemorativa sem ferir a suscetibilidade dos portugueses. É por isso que não estará à altura de proteger os direitos dos trabalhadores. Sem visão, sem capacidade de diálogo nem renovação. A sobrevivência depende da nossa capacidade de adaptação. Aquela que milhões de portugueses e empresas já demonstraram ter. A CGTP não. E porquê?

  Complexo de esquerda. O mesmo que motivou Ferro Rodrigues a comemorar o 25 de abril encerrado no Parlamento, o mesmo complexo de esquerda que atabafou a comunicação social em geral, há décadas até hoje, o mesmo complexo de esquerda que nos tem impedido de executar as reformas que o país precisa, alterar a Constituição ou a lei eleitoral; o mesmo complexo de esquerda que nos impede de premiar o mérito, ou a iniciativa privada como se fosse um delito. O mesmo complexo de esquerda que seleciona a liberdade de expressão! Complexo de esquerda!

Sobre Sónia Ramos

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