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Dinâmicas da Gestão – Segurança alimentar e comportamento do consumidor
As crises alimentares e a cobertura mediática pelos órgãos de comunicação social têm como consequência uma redução da confiança dos consumidores nos produtos que compram e consomem. São ainda questões que despertaram o interesse dos investigadores para a interpretação do impacto da informação, e de outros aspetos relacionados com a segurança alimentar, no comportamento do consumidor.
O Departamento de Gestão tem vindo a dinamizar uma linha de investigação centrada no estudo do comportamento dos consumidores portugueses relativamente aos alimentos que consomem, sejam eles biológicos, funcionais ou convencionais e a sua segurança.
Num dos trabalhos realizados sob orientação da Prof.ª Maria Raquel Lucas, com aplicação de um inquérito on-line, analisou-se o nível de preocupação face às crises alimentares, o grau de segurança que lhes oferecem diferentes produtos, e etapas ao longo da cadeia comercial e, a valorização de diferentes práticas de redução de riscos de intoxicação através da ingestão de alimentos.
O papel das etiquetas e dos distintos canais de informação no comportamento de compra e consumo dos indivíduos foram também considerados. Os resultados apontaram para uma influência cada vez menor na explicação do comportamento dos consumidores das variáveis socioeconómicas. Para além disso, na leitura das etiquetas, a data de caducidade é a informação mais consultada pelos consumidores, deixando de parte outros aspetos importantes vinculados à segurança alimentar e a relação dieta vs. saúde, tais como as instruções de armazenamento, de confeção e descongelamento.
Para restaurar a confiança dos consumidores foi considerado necessário um esforço de difusão de informação clara e verídica, para além da necessidade de uma eficaz coordenação ao longo de toda a cadeia comercial e da oferta de produtos de elevada segurança.
As recentes notícias provenientes do Reino Unido, sobre a existência de carne de cavalo em refeições pré-confecionadas, para além de uma provável contaminação com fenilbutazona – um anti-inflamatório para o tratamento de lesões, administrado com frequência a cavalos de competição -, assim como as notícias em Portugal sobre a carne contraminada com sulfitos, vêm colocar a presente investigação novamente em relevo.
No primeiro caso, a evidente fraude económica, em que o consumidor paga um produto e recebe outro, não é assim tão incomum. É frequente a substituição do bacalhau, em refeições pré-confecionadas por escamudo, paloco, granadeiro ou arinca, de atum por judeu, a presença de carne de porco em fiambre de peru ou em refeições vegetarianas e, a existência de amendoim em alimentos processados. Tudo isto sem que as informações constem dos rótulos desses produtos.
Este tipo de fraude poderá não apenas interferir com opções alimentares, no caso da presença de um qualquer tipo de carne em alimentos para vegetarianos ou da venda como biológicos de produtos convencionais, como também ter implicações religiosas, no caso da existência não declarada de carne de porco, para os Muçulmanos, ou carne de vaca, para os Hindus. Mais grave que os casos referidos anteriormente será a existência de produtos incluídos na Lista de Alergénicos da União Europeia, sem que os mesmos sejam indicados na rotulagem, com graves consequências para a saúde de consumidores intolerantes aos mesmos.
No segundo caso, o estudo da DECO realizado em 34 talhos da Grande Lisboa e Grande Porto, detetou bactérias e produtos químicos em cerca de 60% das amostras de carne picada. Tal resultou de conservação a temperaturas elevadas, más prestações na higiene e utilização de sulfitos ou seja, de químicos que realçam a cor e que prejudicam a saúde. Para além disso, foi ainda encontrada carne de vários tipos de animais em vez da carne de bovino que alegadamente os clientes pensavam comprar.
Estes acontecimentos servem para expor alguns dos problemas existentes na cadeia comercial, na qual muitos sectores resultam ser poucos transparentes ou desconhecidos, assim como, para alterar comportamentos de compra e consumo. Para além disso, as crises alimentares demonstraram ainda que a ciência e a tecnologia, em conjunto com a regulação governamental não oferecem garantias de que os riscos associados aos alimentos se situem em níveis aceitáveis.
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