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Do politicamente correcto à realidade

Nas últimas semanas, enquanto a Europa atravessa momentos dramáticos e o País sofre as consequências das inevitáveis terapias em curso, muitos políticos e comentadores andaram entretidos com casos menores, dignos de simples conversas de café.
Primeiro, com as declarações do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho numa instituição de ensino superior em Odivelas. O termo “piegas”, aplicado ali num contexto específico da educação e do grau de exigência que se pretende dos estudantes, saltou para os jornais e para as conversas públicas, como se fosse um insulto insuportável a todo o povo português.
Não vou perder muito tempo a rebater o ridículo da questão. Quem, de boa fé, ouviu toda a intervenção e compreendeu o contexto, percebeu o tom da frase e o sinal de exigência subjacente, numa área em que o facilitismo tem imperado.
Se o termo é duro, é apenas uma constatação da realidade. E nem sequer é caso inédito, na política portuguesa, este uso de palavras mais fortes e cruas. Jorge Sampaio, afirmava inúmeras vezes que o seu combate à “lamúria”; Durão Barroso disse claramente, e com razão, que o país estava de “tanga”.
Estamos num país em que, com paninhos quentes e omissões, se foi escamoteando a realidade. Este governo e o seu líder em particular, podem ter muitos defeitos mas certamente não terão um pecado capital: a falta de transparência e a alergia à verdade.
Depois, na questão da tão falada tolerância de ponto no Carnaval, dias depois, voltou-se a falar do que é secundário e a esquecer o essencial.
Se as tradições devem ser salvaguardadas, nada a opor, temos de ter a consciência que estamos num ano atípico, em que outras prioridades se levantam. Se um dia de produtividade pode ajudar, é de todo prudente não prescindir dele – umas centésimas ou décimas no produto interno, no final do ano, não são de desaproveitar.
Os concelhos que têm tradição carnavalesca e que fizeram investimentos fortes com fins turísticos podem perfeitamente, e bem, fazer a sua opção própria pela tolerância de ponto com vista a aproveitarem esta quadra. É, aliás, o que foi feito.
O politicamente correcto teve o seu terceiro episódio na conversa entre o ministro das finanças português e alemão – em que até, curiosamente, o tom e conteúdo da conversa era simpático para Portugal.
Muitas vozes ouviram-se, ora a criticar ora a exigir saber todos os pormenores de uma conversa reservada, ou a acusarem subserviência, ou a quererem desde já a garantia de um tema que é ainda uma especulação: uma eventual flexibilização dos prazos e rigor da ajuda a Portugal.
Em suma, vejo demasiada gente a olhar para trás, a olhar para os pormenores e a defender o politicamente correcto. Preferia, pelo contrário, ver mais gente com os pés assentes na realidade, com uma visão de esperança para o futuro e, já agora, de mangas arregaçadas!
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