Empreendedorismo: do mito à prática

Por em 13 de Julho de 2012

O apelo ao empreendedorismo está, felizmente, a encontrar um forte eco na sociedade portuguesa. Já não é por ser um conceito simpático e com ares de modernidade, mas porque grande parte de nós já interiorizou que já não há empregos por conta de outrem, para todos, para toda a vida. E que a aposta num empreendedorismo informado, inovador e bem gerido, pode ser uma opção mais feliz e recompensadora, como projecto de vida.

Duas histórias simples que gostaria de partilhar, uma mais antiga, que está a começar a ser famosa, outra mais recente e desconhecida.

O H3, o chamado hamburger gourmet, é uma cadeia criada em Portugal por 3 empreendedores – a saber, um ex-publicitário, um ex-advogado e um ex-mediador imobiliário. Qualquer senso comum desaconselharia, nestes tempos, a criação de uma marca no saturado mercado das refeições rápidas em Portugal.

Contudo a aposta na qualidade superior para refeições mais completas e saudáveis, para quem o prefere fazer num curto espaço de tempo, levou à aposta num primeiro restaurante, em 2007. Cedo a palavra “gourmet” começou a andar na boca de todos e a dimensão do projecto é hoje um fenómeno: 38 restaurantes em Portugal, mais um em Madrid, outro na Polónia, dois no Brasil (São Paulo)…e a expansão internacional é para continuar! Hoje são 700 pessoas, que fazem hambúrgueres com um talento fora de série.

Há dias, deparei-me com outra história, mais humilde, mas não menos inspiradora sobre quem não se conformou com a sua situação e deu a volta à sua vida.

Um fotógrafo profissional, ‘freelancer’, com 13 anos de carreira, que enfrentava o excesso de oferta num mercado saturado, rendimentos em baixa e os trabalhos cada vez mais mal pagos, mudou de vida e criou o seu próprio negócio: entrega de produtos ao domicílio, durante a noite.

Em concreto, trata-se de um serviço de venda de produtos para casos de emergência, denominado “Mercearia na Hora”. Com base num pedido na internet, funciona das 20h às 4h da manhã. Desde vinhos, alimentos, comida para animais, lâmpadas, tabaco, lenha, pilhas ou pensos rápidos, há um pouco de tudo. Ao fim de seis meses de funcionamento, o balanço é “positivo”, conseguindo o empreendedor arrecadar umas centenas de euros por mês. A intenção é que o negócio cresça, atraindo mais pessoas para trabalhar consigo na área da grande Lisboa.

São apenas 2 exemplos de pequenos projectos, inovadores e plenos de oportunidade, resultantes do esforço criativo dos empreendedores que serão cada vez necessárias no combate ao desemprego e para acrescentar valor para a economia portuguesa. Mostram que o empreendedorismo não é um mito nem uma ciência oculta, acessível apenas a uma minoria de iluminados. Há que favorecer a sua multiplicação!

 

Sobre Carlos Sezões

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