Exportar, Exportar, Exportar!

Por em 15 de Novembro de 2012

Foi uma notícia que passou quase despercebida na comunicação social. Mas é importante, pelo bom caminho que evidencia, por ser um suplemento de esperança e porque mostra que uma parte do Portugal económico-empresarial está de boa saúde e recomenda-se. Segundo o INE, as exportações portuguesas cresceram mais de 10% no último trimestre, em comparação com período homólogo de 2011 – e, por curiosidade, as importações diminuíram 1.5%.

Em resultado disto, a balança comercial teve um ganho de 1.275 milhões de euros, diminuindo em 37% o seu défice.

Esta evolução está muito relacionada com o aumento das exportações para países fora da União Europeia, para África, América do Sul ou Ásia, na maioria regiões economicamente emergentes, imunes à crise do mundo ocidental.

A notícia evidencia também maior flexibilidade e agilidade da economia, que demonstra conseguir adequar a sua capacidade produtiva a picos de procura – mesmo durante o Verão. Mostra que estamos a diversificar e a consolidar relações duradouras em vez de negócios apenas pontuais, sem continuidade. Mostra visão estratégica e capacidade de investimento e a cada vez maior exploração de economias de escala. E mostra novos e bons hábitos como associações de empresas dentro do mesmo sector ou em sectores complementares – de facto, a cooperação é um dos mandamentos fundamentais destes dias.

Este é o caminho: multiplicarmos, em muitos sectores, as boas estratégias de modernização e de internacionalização, olhando cada vez mais para o mercado global. Fazer o que o calçado, o têxtil, o agro-alimentar, as tecnologias de informação, algum turismo, entre outros, fizeram na última década, com bons resultados e um potencial enorme ainda por explorar.

Todos temos a consciência que estamos num processo de transformação que demorará tempo e que será socialmente doloroso. Passar de um modelo de economia estatizante, com tiques dirigistas, dependente do Estado e dos investimentos em infra-estruturas, para uma economia orientada para bens transaccionáveis, para a inovação e para as exportações.

Nem todas as empresas podem fazê-lo, é certo, e muitas continuarão a fazer sentido apenas numa economia de proximidade, local ou regional. Mas é necessário perceber que na exportação de produtos e serviços de qualidade está a receita para um modelo económico sustentável, no Portugal do século XXI.

Se queremos, e bem, manter a nossa qualidade de vida e o Estado social indispensável para servir os mais desfavorecidos, é por aqui que teremos os recursos para suportar tal ambição.

Nota final: nas últimas semanas, a greve dos estivadores, em diferentes portos, veio destabilizar este percurso positivo das exportações. Votos que, rapidamente, volte a imperar um sentido de responsabilidade. Para que os interesses de um pequeno grupo não prejudiquem, de forma grave, todo um País!

Sobre Carlos Sezões

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