Festas populares com taxas por tudo e por nada

Por em 23 de Julho de 2024
DR

As pequenas associações de aldeia ou de bairro são alvo de tratamento idêntico às grandes
agremiações desportivas, quantas vezes consideradas como se fossem empresas lucrativas e
organizadoras de eventos .
Um simples bailarico ou festa popular implicam um conjunto de papéis, requerimentos e outras
burocracias, deixando nas comissões organizadoras uma sensação de impotência perante a
avalanche de exigências burocráticas.
No mínimo uma licença especial de ruído; apólices de seguro de responsabilidade civil e de
acidentes pessoais; autorização do proprietário do espaço; planta do local de realização da
festa; plano de evacuação com planta; declaração da junta na qual mencione que não vê
qualquer inconveniente e autoriza o lançamento de fogo pirotécnico; declaração da junta, se
necessitar de ligações elétricas, no qual mencione que não vê qualquer inconveniente na
realização das festas; licenciamento de atividades ruidosas de caráter temporário respeitantes
a festas populares; memória descritiva e justificativa; termo de responsabilidade; programa e
cartaz da festa; parecer da guarda nacional republicana/polícia de segurança pública; número
de contribuinte de pessoa coletiva; bilhete de identidade e número de contribuinte do
presidente da associação, pagamento das taxas de direitos de autor, contratos para
fornecimento de energia elétrica e termos de responsabilidade, entre outros conforme aos
atividades a desenvolver.
Na posse das autorizações e comprovativos dos pagamentos respetivos, passamos à venda no
bar, onde só bebidas e sandes obrigam a outra panóplia de licenças.
A inexistência de legislação clara e a transposição sem critério ou adaptação de diretivas
comunitárias, tornam a realização de iniciativas em recintos improvisados nas nossas aldeias,
um tormento, com prejuízo para o movimento associativo que tem nestas atividades parte do
seu financiamento anual.
Sabendo da importâncias destas festas nas comunidades bom seria que o poder legislativo
tivesse outra perspetiva para o seu funcionamento.
As populações juntam-se e dão o seu trabalho voluntário, mas na preparação de quaisquer
eventos há sempre quem pergunte:

  • E isso pode-se fazer?
    A verdade é que ganhou terreno a cultura do proibido, tornando-se uma presença constante o
    medo de estar em incumprimento com a lei vigente.

José Manuel Pinto
(Dirigente Associativo)

Sobre José Pinto

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