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Internacionalização e Cooperação Empresarial
Dinâmicas da Gestão
Maria Raquel Lucas
Docente do Departamento de Gestão da Universidade de Évora
Para além do empreendedorismo e da inovação, nos últimos tempos, tem-se falado muito em internacionalização como a grande aposta para ganhar competitividade e vencer a crise.
Algumas empresas são designadas por Born Globals por se internacionalizarem a grande velocidade, transpondo alguns dos estádios tradicionais do processo de internacionalização. Outras têm a capacidade de competir nos mercados internacionais, por serem grandes corporações. Quanto às pequenas e médias empresas, o desenvolvimento da internacionalização é frequentemente suportado em modelos de inovação. Existem ainda empresas que já nascem internacionalizadas!
O contexto atual dos negócios permite a uma empresa gerir e coordenar os processos desde qualquer parte do mundo, atendendo aos conceitos de tempo, espaço e matéria de uma forma diferente. O tempo, associado à velocidade de comunicação, relativiza as noções de rápido e lento. O espaço é reavaliado pela proximidade cada vez maior e mais fácil entre indivíduos e organizações. Finalmente, o objeto tem sido transformado pela intangibilidade da informação ou dos serviços que diminuem a relevância do tangível. Estas mudanças conjunturais são, muito provavelmente, as responsáveis pelo surgimento das Born Globals, fontes de inovação, indutora de crescimento de um país.
Duas abordagens explicam usualmente os processos de internacionalização das empresas, a económica e a comportamental. A primeira, característica de grandes multinacionais, ancora-se em dados macroeconómicos e em teorias de comércio e de localização que supõem a escolha de uma solução racional. Na segunda, a internacionalização decorre da normal evolução e crescimento da organização no seu ecossistema, sendo suportada em princípios de racionalidade limitada, em processos de inovação, em networks e em empreendedorismo internacional. Neste último caso, as razões da internacionalização são diversas. A inexistência ou esgotamento das oportunidades no mercado doméstico, dependendo a resolução de comprometer recursos no mercado internacional, da experiência e conhecimento do responsável pela tomada de decisão, pode ser um dos motivos. A internacionalização como inovação para a empresa, sobretudo para a de pequena e média dimensão, pode ser outra das razões, num processo equivalente à adoção de uma nova tecnologia onde a aversão ao risco e a falta de conhecimento funcionam como elementos catalisadores ou inibidores.
Para além da relevância da seleção dos mercados, o processo de internacionalização pode ser visto com diferentes lentes e focagens. Estas vão desde o resultado da afetação ótima de recursos a um processo de aprendizagem e comprometimento crescente, passando por diversas variantes e níveis (operacional e teórico), onde a cooperação empresarial assume especial relevância. Vários exemplos demonstram que redes de empresas, usualmente pequenas e médias, com ligação aos poderes locais e a organizações sindicais e profissionais, contribuem de modo decisivo para o reforço da agilidade económica e da competitividade.
Embora as empresas possam optar por uma estratégia de internacionalização isolada e independente, ou por criar subsidiárias no estrangeiro, no contexto atual dos negócios, um dos pilares fundamentais do desenvolvimento da internacionalização das empresas passa pela colaboração empresarial. Num contexto de incerteza, renovações céleres e dinâmicas variadas, as palavras-chave são flexibilidade e cooperação Sejam alianças entre pequenas unidades económicas sejam alianças à escala global, envolvendo grandes holdings centralizadoras e coordenadoras de estratégias de fortes grupos empresariais, esta flexibilidade e cooperação são fundamentais para o reforço da competitividade, sobretudo das pequenas empresas. Cooperar, não significa apenas coordenar atividades. Pressupõe um clima de confiança e um estreito relacionamento, baseado em experiência acumuladas de aprendizagem e compromissos com metas e objetivos reciprocamente aceites entre as partes envolvidas.
Em Portugal, as principais justificações para a internacionalização e a procura de quotas de mercado externo, são ainda das mais tradicionais e a internacionalização permanece baseada na exportação. Também o investimento no exterior, apesar de mais aprofundado, continua a não corresponder aos parâmetros desejados para a economia portuguesa e que são comuns na União Europeia. É pois desejável, uma base mais alargada de empresas inovadoras com uma forte componente exportadora e um país em rede e parceiro de redes internacionais de cooperação empresarial, de conhecimento, de inovação e orientado a resultados.
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