O Fundo Monetário Internacional no contexto da crise na Zona Euro
O Fundo Monetário Internacional (FMI), no seu último relatório, afirma que quer uma política que mude as regras do jogo na Zona Euro. Para o FMI os líderes europeus não fizeram o suficiente.
É preciso deter a propagação da crise da dívida que está a engolir a moeda única e os países vizinhos mais pobres. Num relatório em que analisa a forma como as políticas económicas das cinco economias sistémicas – Estados Unidos, China, Zona Euro, Japão e Reino Unido – se afetam umas às outras e o resto do mundo, o FMI admite que a crise da Zona Euro é, de longe, a maior preocupação.
«Apesar do progresso face às restrições, a sensação é que não foi feito o suficiente para acabar com a propagação de tensões e atenuar o ciclo de reações na área fiscal, de crescimento e na banca», lê-se no documento. Se a crise na região que partilha a moeda única se agravar, o FMI estima que o impacto sobre os países mais pobres poderá ser grave, o que poderá elevar as ajudas a estas economias até aos 27 mil milhões de dólares, à volta de 22 mil milhões de euros, em 2013.
Depois, há outras economias que preocupam o FMI, como os EUA, que estará sujeita a riscos crescentes relacionados com cortes orçamentais e a crise na Zona Euro. Em relação à China, o abrandamento do investimento pode ter impacto sobre os fornecedores asiáticos e também sobre a Alemanha.
Sobre o Japão, a elevada dívida pública torna esta economia vulnerável a uma mudança abrupta nos mercados. Já o Reino Unido deve tomar novas medidas para fortalecer o seu sistema financeiro e reforçar a confiança nos bancos.
Para este relatório foram consultados 35 países, incluindo economias emergentes, como o Brasil, República Checa, Índia, África do Sul, Turquia, Rússia, Coreia do Sul, Polônia, México e Arábia Saudita. Entretanto, o conselho de administração do FMI considerou urgente chegar a acordo sobre o cálculo das contribuições dos Estados Membros e sobre a determinação do seu peso e direitos de voto na instituição.
Adotada em 2010, a reforma da governança das participações do Fundo previa essencialmente rever a forma de calcular as contribuições (indexadas sobretudo ao Produto Interno Bruto e à abertura da economia) para dar maior espaço aos países emergentes. Depois das primeiras discussões em março, o conselho de administração do FMI, que representa 188 Estados, referiu novamente este aspeto da reforma a 19 de Julho sem, no entanto, chegar a um acordo.
Os Estados «reafirmaram a necessidade de realizar um exame até janeiro de 2013, em conformidade com o calendário previsto, e sublinharam que isso exigiria um espírito de flexibilidade e de compromisso de todas as partes», entende o conselho de administração, reconhecendo ainda que «é urgente chegar a um acordo».
A crise da zona Euro e as interdependências com as restantes economias está a pressionar a gestão do FMI e vai implicar a intervenção deste organismo no auxílio a diversas economias mundiais. Para o efeito necessita de um urgente acordo sobre o cálculo das contribuições dos diferentes Estados Membros.
Este acordo será muito difícil num ano de eleições nos EUA. Teremos que esperar por 2013 para ver os resultados práticos destas negociações. 2013 será um ano determinante quer para o FMI quer para a Zona Euro.
Se a recuperação dos países intervencionados falhar e se a Espanha e a Itália estiverem sob resgate, a crise financeira e económica alastrará e poderemos ter uma crise política na zona Euro de grandes repercussões. Infelizmente para Portugal, o nosso futuro depende menos de 1% das nossas políticas internas.
É esta total dependência externa que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas quiseram ignorar em 2010 e 2011, fazendo crer aos Portugueses, que bastava cortar nas gorduras do Estado….
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