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“Tempos”

Contaram-me que um ricaço americano se encantou com o castelo de um falido senhor escocês, talvez numa tentativa de acertar contas com a vida, vingando gerações de antepassados que tinham servido os proprietários. Feita a oferta irrecusável e ultrapassadas as reticências da praxe, mais ainda do que a quantia verdadeiramente astronómica acordada, o que mais surpreendeu tudo e todos foi a intenção do comprador de transportar o secular edifício pedra a pedra para as doces pradarias da terra natal.
Regressou no ano seguinte o milionário, um pouco agastado, por um pormenor que não lhe permitia desfrutar na plenitude do seu oneroso investimento: não conseguir reproduzir o esplendor do relvado original. Reticente, o escocês disse que seria difícil conseguir reproduzir os desvelos com que se mimoseava aquele relvado.
Talvez houvesse alguns pormenores que eram importantes, como o estrume da autóctone vaca Galloway na Primavera, mais as algas das praias de Wick no Outono, para já não falar na cristalina água usada na rega.
Confundindo esta hesitação com manhosice e ganância, riu-se o americano com uma pontinha de ironia e bastante soberba, rematando que um dos seus muitos petroleiros transportaria vacas, algas e água, não estando o preço em questão. Com a maior das bonomias o lorde aquiesceu ao pedido disponibilizando graciosamente tudo o solicitado, para que não quedasse a menor dúvida da sua honestidade e boa fé.
Passado um par de anos, levado pela dupla curiosidade de conhecer o destino das suas antigas posses e um ramo da Família que sabia ter escolhido o Novo Mundo, quando este ainda o era verdadeiramente, cruzou o oceano.
Foi com espanto que viu o seu antigo castelo reconstituído até ao mais ínfimo pormenor, e com maior espanto ainda a frieza, a roçar o desprezo, com que foi recebido pelo novo proprietário, que ainda o culpava pelos insucessos botânicos.
Agastado, decidiu procurar consolo junto dos seus parentes que entretanto descobriu, moravam, coincidência das coincidências, relativamente perto. E o seu espanto ainda foi maior quando descobriu que alguns traços familiares se prologaram também à qualidade da relva que era uma cópia fiel da sua.
Recomposto desta surpresa imediatamente mandou chamar o seu anterior anfitrião para lhe mostrar a sua descoberta. Ambos questionaram os descendentes dos seus antepassados acerca desta exuberante capilaridade botânica, sendo esclarecidos de que era uma velha receita de família seguida desde sempre. Estrume de vaca na Primavera, algas no Outono e muito cuidado com a água, e ao fim de trezentos anos tinha-se um relvado em condições…
Espero tê-los maçado o suficiente com esta história, para que agora aceitem com maior resignação a minha brilhante conclusão.
A maior potencialidade e riqueza do nosso Turismo é o Tempo.
O Tempo que temos para receber quem nos visita, com todos os vagares do mundo.
O Tempo que passa calmamente, sem pressas, pelos nossos solos e fabrica os maravilhosos produtos tão distintamente marcados pela qualidade.
O Tempo que ganhamos a transformar esse mesmos produtos, para serem fruídos com e em todo o Tempo.
O Tempo que a nossa paisagem exige e oferece para ser desfrutada em toda a diversidade e plenitude.
E, finalmente, o Tempo que passou por nós e deixou este magnífico Património e, sobretudo, a História das nossas gentes e lugares, absolutamente irrepetível!
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