Um Governo à deriva, o Pão e as Laranjas

Por em 14 de Setembro de 2012

Quando os Portugueses mais precisavam de um Governo forte, competente, conhecedor da realidade, eis que mês após mês se confirma a incapacidade deste Governo em apresentar um caminho, uma luz ao fundo do túnel que amenize os efeitos da política de austeridade.

A semana que passou foi paradigmática da desorientação de Passos Coelho. Após meses a recusar juntar-se a colegas seus na Europa e a António José Seguro que defendiam a intervenção do BCE na compra de dívida soberana nos mercados secundários, aplaudiu a decisão do BCE avançar com esta medida estrutural de combate à especulação sobre a dívida dos Estados. Onde andava Passos Coelho, com quem andava Passos Coelho? Durante a 5ª Avaliação da Troika, antecipando o fim da avaliação, resolveu apresentar ao país mais austeridade, desta vez castigando não apenas os funcionários públicos e pensionistas mas todos os trabalhadores do setor privado.

A fórmula encontrada foi aumentar os impostos, passando a contribuição para a segurança social de todos os trabalhadores e funcionários de 11% para 18%. Em simultâneo reduz a contribuição patronal de 23,75% para 18% transferindo rendimento dos particulares para as empresas, com o argumento de que assim se promove o emprego. Ou seja, na cabeça de Passos Coelho e do Governo está a ideia de que com esta redução de encargos nas empresas elas vão aumentar o investimento e criar emprego. Que falácia, que engano!

No momento que a procura interna é negativa, as pessoas reduzem o consumo porque não têm dinheiro para comprar bens e serviços às empresas e o Governo vai tirar-lhes ainda mais dinheiro em cada mês para elas reduzirem ainda mais o consumo? Isto faz algum sentido? No momento em que as nossas exportações estão em queda face à redução da procura externa o Governo quer convencer-nos que reduzindo os encargos sociais estas empresas vão criar empregos? Em que planeta está o Governo a viver? Com esta medida, o Governo vai engordar os lucros das grandes empresas: dos Bancos, da GALP, da PT da EDP, da Distribuição, etc.. e as pequenas empresas, aquelas onde marido, mulher e filhos estão empregados, irão à falência pois, nestes casos os encargos totais com a Segurança Social passam de 34,75 para 36%.

Um erro grave do Governo, que marcará de forma definitiva a mudança de opinião dos Portugueses sobre Passos Coelho, pois acaba de perder numa semana a credibilidade que e a confiança que nele havia sido depositada.

Ele próprio sabe que a partir daquela noite, em que nos deu mais esta prenda, a sua máscara caiu. Neste discurso, algo titubeante e nervoso, Passos Coelho, mostrando uma profunda insensibilidade, apresentou-se como um Primeiro-ministro sem rasgo, sem ideias, sem capacidade de concretizar a redução da despesa e das famosas gorduras do Estado.

A receita é a de sempre: um assalto ao bolso dos Portugueses. Onde está o Passos Coelho que contra Sócrates vociferava contra o aumento de impostos e que não aceitaria que se deixasse o País a Pão e Laranjas? Por este andar e com as medidas adicionais que irão constar no Orçamento de Estado para 2013, diria que iremos ficar sem o Pão nem com as Laranjas!

Sobre António Serrano

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