Um verdadeiro TSUnami

Por em 28 de Setembro de 2012

A proposta do Governo, apresentada por Pedro Passos Coelho, de alteração da Taxa Socal Única (TSU) provocou um forte abalo em todo o país. O Governo meteu tanta água que o copo transbordou provocando uma espécie de tsunami com consequências irreparáveis.

Transferir rendimentos dos trabalhadores para as empresas, na expetativa de que estas promeveriam a baixa de preços dos bens e serviços é uma proposta que só pode ser admitida do ponto de vista académico e proposta por pessoas que não possuem qualquer conhecimento sobre o funcionamento das empresas nem sobre o estado real em que a sua tesouraria se encontra no meio desta crise profunda.

Nunca em algum ponto do planeta esta medida foi implementada. Portugal não pode ser submetido a experimentalismos que destruam o pouco que ainda nos resta.

Esta proposta uniu patrões, trabalhadores, políticos de todos os quadrantes, comentadores, o Presidente da República, todos contra o Governo, em manifestações que há muito não se via.

Tudo isto resulta da impreparação dos nossos Governantes paa lidar com uma situação tão complexa. O PSD e o CDS tudo fizeram para fazer cair o anterior Governo, em plena crise financeira internacional. Na altura tudo era fácil, bastava retirar Sócrates de cena e todos os nossos problemas se dissipariam, surgindo uma espécie de homem novo, que cortaria a eito todas as gorduras do Estado, reformaria as funções do Estado, reduziria a dívida pública e controlava o défice.

A verdade é que ano de 2012, totalmente sob a responsabilidade deste Governo e após a implementação de medidas duras que não constavam do memorando da Troika, apresenta um buraco de cerca de 5000 milhões de euros! Um défice de 6,8% em vez de 4,5 como estava acordado! A dívida que deveria descer continua a aumentar disparando para 120% do PIB! O desemprego está incontrolável caminhando para os 16%! Tudo corre mal, com exceção da Balança Comercial que está quase equilibrada mas por forte redução da procura interna e um bom comportamento das nossas exportações.

O Governo foi surpreendido pelo resultado negativo da sua política, sem poder agora sacudir o capote, mas em vez de corrigir o tiro continua a querer atingir o mesmo alvo.

O Povo foi também surpreendido e ficou desiludido! Um verdadeiro desaste nacional! O CDS através do político mais profissional de todos, o mais demagógico em funções desde o 25 de Abril, mas o mais “esperto” fez tremer a coligação afirmando que isto não era com ele! Era uma coisa do PSD e de Pedro Passos Coelho.

O Paulo avisou mas ninguém no Governo o ouviu! Tudo isto em público, em direto na TV, traindo o seu parceiro, com a maior desfaçatez! Tudo para parecer que está fora mas contudo dentro do Governo, como se fossem dois e não um só Governo! O Presidente convocou o Conselho de Estado, o Governo recua na TSU, mas assinou a sua sentença de morte! Agora é uma questão de tempo, pois o pântano está instalado!

O povo manifestou-se nas ruas; as sondagens dizem que se houvese eleições antecipadas teríamos uma solução de Governo confusa como na Grécia; O PS ainda está em construção de uma alternativa; estamos num dilema muito difícil: o país precisa de um Governo estável, que governe até ao fim da legislatura, temos o maior partido da oposição a fazer o seu caminho mas é o próprio Governo que parece querer implodir! O maior fator de instabilidade vem do interior do Governo! Não há Ministro que saia à rua sem ser apupado, vaiado e até agredido!

Como vai ser possível Governar com esta situação que só o Governo criou? Este Governo representa uma boa oportunidade perdida para transformar Portugal e reformar o Estado, dispondo de uma maioria absoluta, de uma oposição comprometida e responsável, de um Presidente cumplíce, de um povo dócil que estava resignado face aos sacríficios que temos que fazer.

Num ápice, Pedro e Paulo deitaram tudo a perder! Estamos no meio de um labirinto, perdidos, sem norte, sem gente competente na Governação, com uma classe política que não oferece a confiança necessária aos Portugueses.

Precisamos urgentemente de restaurar a confiança entre os agentes políticos e o povo. As declarações de Domingo de Miguel Macedo sobre as Cigarras e as Formigas não ajudam nada, pois a fábula não se pode aplicar quando os Portugueses querem trabalhar mas o que encontram é desemprego, encerramento diário de centenas de empresas, despedimentos coletivos… Haja bom senso!

Sobre António Serrano

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