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Doentes psiquiátricos de Beja internados em Lisboa devido à falta de médicos

Os doentes psiquiátricos de Beja que necessitam de internamento vão continuar a ser transferidos para Lisboa mesmo depois de o novo edifício do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental começar a funcionar, no próximo mês. O Ministério da Saúde gastou cerca de 3 milhões de euros na construção do novo edifício, cujas valências incluem 17 camas para internamento, mas a falta de psiquiatras obriga a que os doentes agudos sejam transportados para o Hospital Júlio de Matos, a 180 quilómetros de distância.
“Só poderemos abrir a unidade de internamento quando a equipa de médicos psiquiatras necessária estiver constituída”, diz Margarida da Silveira, presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), acrescentando ser imprescindível a contratação de mais quatro médicos, incluindo um pedopsiquiatra.
“Temos efetuado múltiplas diligências para recrutar médicos e iremos lançar um procedimento concursal para o efeito”, revela. O problema é a falta de especialistas no interior. “É uma dificuldade que vem de trás e que faz com que muitas pessoas tenham de recorrer a um ou outro psiquiatra privado que se desloque à região. A resposta do Serviço Nacional de Saúde não pode ser esta”, considera Luís Gamito, vice-presidente da Associação Psiquiátrica do Alentejo (APA).
Os mais de três mil doentes que recorrem anualmente ao Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da ULSBA estão a ser assistidos por um psiquiatra aposentado, de 72 anos, uma pedopsiquiatra e uma médica recentemente contratada como prestadora de serviços para fazer um horário de 16 horas semanais. Além das consultas externas, a equipa tem de fazer urgências, efetuar exames médico-legais e dar apoio à comunidade.
“É um número muito insuficiente para as necessidades”, refere Luís Gamito, classificando como “bizarra” a necessidade de transportar para o Júlio de Matos os doentes que necessitam de internamento. “É algo completamente sem sentido mas é isso que acontece”.
Enquanto esteve internado em Lisboa, Manuel (nome fictício) poucas vezes foi visitado pela família. “De comboio ou de autocarro é um dia de viagem e os bilhetes estão caros. Fomos duas pessoas e 100 euros não devem ter chegado para pagar o transporte e a alimentação”, diz um familiar. “Aqui em Beja estava mais acompanhado”.
De acordo com o vice-presidente da APA, o problema poderá ser resolvido a médio prazo se o Ministério da Saúde “fechar o acesso a psiquiatras em determinados serviços, designadamente em Lisboa, que têm um número mais do que suficiente” para assegurar o respetivo funcionamento. “Isso não tem sido feito pois acaba sempre por surgir uma vaga perto de Lisboa mas seria a maneira de levar os jovens médicos [para o interior do país]”, conclui o especialista.
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