Parlamento elege sobreiro como árvore nacional de Portugal

Por em 29 de Dezembro de 2011

O sobreiro passou a ser considerado Árvore Nacional de Portugal. Este acontecimento surge com a aprovação, por unanimidade, de um projecto de resolução apresentado na Assembleia da República e teve a ajuda de uma petição pública que reuniu mais de duas mil assinaturas.

A decisão visa “contribuir para tornar mais visíveis alguns dos problemas associados à preservação desta espécie, contribuindo, simultaneamente, para se alcançarem as soluções necessárias”.

Apesar de a espécie se encontrar protegida há mais de 10 anos, só podendo ocorrer o abate de árvores após licença do Ministério do Ambiente, a resolução aprovada no Parlamento reconhece que “há ainda um longo caminho a fazer para se alcançar um nível de consciencialização que conduza a uma efectiva preservação desta espécie e dos valores biológicos, paisagísticos, económicos e culturais que lhe estão associados”.

O sobreiro (Quercus suber Linnaeus) é uma árvore mediterrânica com origem na Era Terciária, existente desde a formação da bacia do Mediterrâneo, há mais de 60 milhões de anos. Independentemente da sua origem (que se julga ser a região actualmente coberta pelo mar Tirreno), estabeleceram-se centros genéticos importantes no Sudoeste da Península Ibérica, área actual de sobreiro mais extensa. Foram, aliás, descobertos no Alentejo fósseis de sobreiro datados do Plioceno.

A árvore distingue-se em relação aos outros carvalhos por apresentar um tecido suberoso – a cortiça – a envolver o tronco e os ramos, sendo uma espécie muito resistente e pouco exigente em relação às condições ambientais em que se desenvolve.

“Nas condições tão frequentemente ingratas de solo e de clima do nosso País, o sobreiro é uma árvore preciosa, já que nenhuma outra espécie florestal consegue resistir em terras tão secas e tão pobres e em condições de clima tão adversas por vezes à vegetação lenhosa. Nenhuma árvore dá mais exigindo tão pouco”, como destacou Vieira Natividade na sua obra Subericultura (1950).

Em Portugal, segundo o ultimo Inventário Florestal Nacional (2005/2006), a floresta ocupa mais de 3,45 milhões de hectares, sendo o sobreiro responsável por mais de 716 mil hectares (23% do total nacional e 32% da área que a espécie ocupa no Mediterrâneo ocidental).

E se a floresta está na base de um sector que é responsável por mais de 10% das exportações nacionais (no final de 2010, era já o 3.º principal cluster exportador) e 3% do PIB, o montado de sobro assume uma importância impar no país, particularmente no Sul de Portugal, onde constitui a última barreira contra o avanço da desertificação.

Para além de que a cortiça – o produto mais nobre do montado de sobro – está na base da única fileira da economia em que Portugal é líder mundial na produção, transformação e comercialização. Portugal produz cerca de 200 000 toneladas de cortiça por ano (mais de 50 % do total mundial).

No II Congresso Mundial do Sobreiro e da Cortiça, realizado no passado mês de Setembro, foram deixadas mensagens de alerta para a preservação do sector, atenta a necessidade de garantir a sua sustentabilidade futura. No caso da cortiça, a sua exploração tem um impacto muito positivo ao nível da sustentabilidade e da redução de C02, para além do peso que o sector detém nas exportações nacionais, com uma capacidade de inovação muito grande.

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