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Faltam investir 675 milhões de euros no maior projecto do Alentejo

O maior projecto do Alentejo, e um dos maiores do país, viveu uma data decisiva há dez anos. No dia 8 de Fevereiro de 2002, António Guterres, primeiro-ministro na altura, carregou no botão que fechou as comportas, e a face do Alentejo mudou para sempre. Passado este tempo muito já avançou, mas do investimento global previsto falta ainda investir 675 milhões de euros.
O prazo de conclusão não está totalmente definido. Se o executivo de José Sócrates antecipou a data de conclusão prevista em dez anos, de 2023 para 2013, o actual executivo não esclarece quando será terminado o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), devido às restrições financeiras. Dos 2563,63 milhões de euros previstos foram investidos até à data 1888,20.
Segundo a Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas de Alqueva (EDIA), “quem há 10 anos viu as comportas da barragem de Alqueva fecharem-se, certamente não imaginou a profunda mudança que esse acto traria ao Alentejo. Hoje os campos de Alqueva falam pelo projecto”, afirmou o presidente do Conselho de Administração, Henrique Troncho.
Segundo o responsável, a grande mudança deve-se, entre outros factores, à conclusão de mais de 50 por cento do perímetro de rega e de todas as ligações de Alqueva aos reservatórios de abastecimento públicos. Nesta década foram ainda instaladas cinco centrais mini hídricas. “Não é preciso lembrar que a central de Alqueva está a sofrer um aumento, para o dobro, da potência instalada”. Henrique Troncho considera ainda que a albufeira se tornou um novo destino turístico de Portugal. “É hoje reconhecido como potencial destino turístico. O seu céu é também hoje considerado pela UNESCO e pela Organização Mundial do Turismo como a 1ª reserva mundial “Dark Sky””. “A paisagem alentejana, mais verde, é o melhor testemunho das mudanças trazidas por Alqueva. E o futuro só pode ser mais verde”, concluiu.
A obra que mudou em definitivo a face do Alentejo trouxe grandes benefícios, sobretudo à agricultura e ao turismo, mas muito está ainda por acontecer. Dos 110 mil hectares de regadio, foram feitos 60 mil. A data de conclusão continua a ser um tabu. “O silêncio é absoluto. Mas Portugal não pode deixar passar a oportunidade para acabar o Alqueva, porque o benefício para as gerações vindouras será enorme”, diz Francisco Palma, presidente da Associação de Agricultores do Baixo Alentejo.
Com a água paga entre três e nove cêntimos por metro cúbico, os agricultores, habituados às culturas de sequeiro, renderam-se ao regadio. Em zonas onde crescia trigo, colhe-se agora milho ou tomate. Regam-se também centenas de hectares de novo olival. Mas, segundo Francisco Palma, muita terra está ainda à espera de água.
Na zona de Beja, os agricultores reclamam cerca de 12 mil hectares de regadio. “Era importante para a região. Por exemplo, uma cultura de beterraba iria dar trabalho a muita gente, e podia surgir aqui também uma indústria de transformação de açúcar”, frisou o agricultor de 42 anos.
Dos projectos turísticos que há 10 anos preenchiam o sonho alentejano, apenas avançou a primeira fase do empreendimento de Roquette. No terceiro trimestre deste ano, deverá ser concluído no concelho de Reguengos de Monsaraz, perto de São Marcos do Campo, um hotel com 81 quartos, wineclub e campo de golfe. O projecto Roncão D’el Rei, considerado como PIN (Potencial Interesse Nacional), inclui outras obras, num valor total de cerca de mil milhões de euros, a serem investidos nos próximos 20 anos. Irá criar dois mil postos de trabalho directos e três mil indirectos. Também conhecido por parque Alqueva.
Amieira Marina navega em velocidade cruzeiro
Actualmente, a entrar no sétimo ano de actividade, a Amieira Marina, unidade que aluga barcos-casa e participa na organização de cruzeiros pelo maior lago artificial da Europa, é o único projecto perfeitamente estabelecido e realizado na vertente turística. Funciona com uma frota de 15 barcos-casa, com capacidades de duas até 12 pessoas, e três barcos de cruzeiro, dois com lugar para 25 pessoas e um com capacidade para 120 passageiros, já utilizados em casamentos, apresentações comerciais de marcas e empresas ou visitas políticas.
O objectivo da empresa para o primeiro ano era atingir a venda de 50 semanas – chegou às 72.
O ano passado terminou com a venda de 540 blocos (semanas) e com uma facturação de cerca de 1,6 milhões de euros dividida entre os barcos-casa e os cruzeiros.
A Amieira Marina, que emprega actualmente 22 pessoas, tem ainda um restaurante onde dois terços dos clientes têm origem no mercado interno (invertendo a tendência dos primeiros anos). A aposta é a exploração de mercados como o espanhol, o britânico e o escandinavo. “Esta lógica de turismo ainda é pouco conhecida, e há que desmistificar a utilização dos barcos-casa. Não é preciso carta de marinheiro e são muito fáceis de manobrar, basta bom senso”, explicou Eduardo Lucas, administrador.
Abastecimento e energia
A mais-valia do Alqueva está no aproveitamento hidroeléctrico, no regadio e abastecimento de água, embora neste capítulo a sua qualidade esteja em discussão devido aos níveis de poluição verificados em alguns afluentes e no caudal do Guadiana proveniente de Espanha.
Más práticas agrícolas e consequente contaminação das águas subterrâneas estarão na origem do problema.
O mar alentejano abastece 200 mil pessoas e rega os campos agrícolas em três anos consecutivos de seca. “É por termos este bem precioso, a água, que nós não podemos desistir.
Não podemos morrer na praia”, diz Francisco Palma, presidente dos agricultores do Baixo Alentejo.
A Luz que mudou de lugar
Um dos processos mais longos e de gestão mais dolorosa na história do Alqueva é sem dúvida a aldeia da Luz, a terra que teve que mudar de lugar para que as águas inundassem todas as memórias da aldeia antiga.
Dez anos depois, a terra continua a sofrer dos mesmos males de outros tempos. Desertificação, falta de emprego e população envelhecida.
“A aldeia parou no tempo depois de 2007 porque ninguém olha por nós”, frisou o presidente da junta de freguesia local, Francisco Oliveira, que vai abandonar a autarquia ao fim de 18 anos. “Nunca houve investimento.
Não foi feita a adega nem outras infra-estruturas necessárias para a fixação da população. Perdemos quase 100 pessoas”, sublinha.
Depois da Luz, foi a aldeia da Estrela a que mais viu mudar a sua face devido à subida das águas do Alqueva, tornando-se numa península.
A falta de emprego e de gente jovem também destrói os planos de futuro imediatos para a localidade.
Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva
Balanço actual
Até Outubro de 2011
Investimento total feito até agora: 1.888,20 Milhões de Euros
Investimento global previsto: 2.563,63 Milhões de Euros
Infraestruturas Primárias concluídas:
• Barragem e Central de Alqueva
• Barragem e Central de Pedrógão
• Estação Elevatória dos Álamos
• Canal Álamos/Loureiro e respectivas Barragens (Álamos I, II e III e Loureiro)
• Canal adutor Loureiro/Monte Novo e respectiva Estação Elevatória
• Tunel adutor Loureiro/Alvito
• Canal adutor Alvito/Pisão e respectiva tomada de água
• Canal adutor Pisão Roxo e barragem do Penedrão
• Estação Elevatória de Pedrógão/Margem Esquerda
• Sistema adutor Pedrógão/Brinches/Enxoé e barragens da Amoreira, Brinches, Serpa e Lage, reservatórios da Amoreira e Brinches Norte e estações Elevatórias da Torre do Lóbio e Brinches
• Centrais Mini Hídricas de Serpa, Alvito, Odivelas, Pisão e Roxo.
REFORÇO DO ABASTECIMENTO PÚBLICO concluído: cerca de 200 mil habitantes.
Infraestruturas Primárias em Curso:
• Adutor de Vale do Gaio
• Ligação Pisão/Beja com reservatório do Álamo, reservatório de Beringel e Estação Elevatória, e Barragem dos Cinco Réis;
• Estação Elevatória de Pedrógão/Margem Direita
• Sistema adutor de Pedrógão, Margem Direita
• Barragem de S. Pedro
Infraestruturas secundárias concluídas:
• Infraestrutura 12 (Ferreira do Alentejo)
• Bloco de Rega da Aldeia da Luz (Aldeia da Luz)
• Aproveitamento Hidroagrícola de Monte Novo (São Manços)
• Aproveitamento Hidroagrícola Alvito/Pisão (Cuba/Vidigueira/Beja)
• Aproveitamento Hidroagrícola do Pisão (Beringel)
• Aproveitamento Hidroagrícola de Ferreira/Figueirinha/Valbom (Ferreira do Alentejo)
• Aproveitamento Hidroagrícola de Alfundão (Ferreira do Alentejo)
• Aproveitamento Hidroagrícola de Serpa (margem esquerda)
• Aproveitamento Hidroagrícola de Brinches (margem esquerda)
• Aproveitamento Hidroagrícola Brinches/Enxoé (margem esquerda)
• Aproveitamento Hidroagrícola Orada/Amoreira (margem esquerda)
TOTAL INSTALADOS: Cerca de 52 mil hectares
Total em exploração: 21 Mil hectares. Acrescem mais 8.041 hectares de regadios por captação directa (autorizados pela EDIA no âmbito da concessão do domínio público hídrico)
Infraestruturas secundárias em Curso:
• Aproveitamento Hidroagrícola Loureiro/Alvito (Alvito)
• Aproveitamento Hidroagrícola de Aljustrel (Aljustrel)
• Aproveitamento Hidroagrícola de Ervidel (Beja/Aljustrel)
• 2 Blocos de rega do Aproveitamento hidroagrícola de Pedrógão
• 2 Blocos de rega do Aproveitamento hidroagrícola de Selmes.
TOTAL EM CONSTRUÇÃO: Cerca de 14 Mil hectares
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