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Debates entre a cidade e a universidade de Évora

O café Condestável encheu ao fim da tarde de quinta feira . Mas o ambiente na sala não era o habitual nos cafés. Nem o barulho de fundo feito de vozes simultâneas, nem o ruído das máquinas, nem o telintar da loiça. Pelo contrário, os presentes apuravam o ouvido e a atenção para ouvir o que vinha de uma mesa onde se falava sobre os contributos da arte pública na construção e na reflexão da cidade.
Suzana Piteira, artista plástica, a terminar uma tese de doutoramento sobre arte pública, foi a moderadora de mais de 3 horas de debate.
Isabel Bezelga, coordenadora de uma intervenção pela via das artes na Escola da Cruz da Picada, há 12 anos, testemunhou a potencialidade dos processos de criação artística para “devolver em cada um o orgulho de ser e de pertencer a determinada cultura e
dessa forma, em pé de igualdade com os outros, poder descobrir e inventar
novas formas de partilha”.
A relevância da participação dos cidadãos na cidade, foi a tónica destacada pelas intervenções do arquitecto Nuno Lopes e do programador José Alberto Ferreira. Com perspectivas diferenciadas, em função das suas áreas de intervenção, ambos concluíram que sem essa participação efectiva (e não simulada) a cidade não é dos que a habitam mas apenas de alguns.
Paulo Simões Rodrigues, professor e investigador de arte contemporânea na Universidade de Évora contribuiu para a discussão do que é ser artista e da possibilidade de todos sermos ou não criadores.
Para que serve a arte pública?
“A arte no espaço público e a construção de Évora, cidade educadora” foi o tema central do encontro marcado por uma perspectiva crítica e multidisciplinar.
“A arte pública critica, não tem por objectivo nem um exibicionismo complacente, nem uma colaboração passiva com a grande galeria da cidade, o seu teatro ideológico e o seu sistema sócio-arquitectural. Trata-se antes de uma estratégia de colocar em questão as estruturas urbanas e os meios que condicionam a nossa percepção quotidiana do mundo” defendeu Susana Piteira, citando um artista e autor conceituado de origem polaca , Krzysztof Wodiczo, que vive em Nova York e Cambrige.
Este foi o segundo, de um ciclo de debates mensais, a decorrer durante este ano, intitulado “Habitar a Cidade. Construir Espaço Público”.
Pensar a cidade é construir e habitar
A iniciativa, organizada pelo CIDEHUS (Centro Interdisciplinar de História Culturas e Sociedades) e pelo Departamento de Filosofia da Universidade de Évora, surge no âmbito de uma investigação que se propõe “fazer um levantamento de possibilidades de aplicação do conceito de Cidade Educadora ao caso de Évora”.
Parte com um conjunto de temas, considerados estruturantes da vida da cidade, para debates que têm como objectivo revelar opiniões, perspectivas, sentimentos e desejos dos cidadãos que habitam a cidade concreta no tempo presente.
Depois das “redes de comunicação” debatidas em janeiro, e da “Arte Pública” em Fevereiro, No próximo dia 29 de Março, é a vez dos “Jovens Criadores de Évora” debaterem o seu papel nesta cidade que se diz educadora.
Uza assinala a passagem dos 25 anos da morte de Zeca Afonso
Uza é o nome de um grupo musical constituído por três jovens eborenses, Ulisses Covinha, Zeca dos Santos e Ana Coelho. No final deste debate, cerca das 21horas, ouviram-se no café três belas canções, evocando o quarto de século passado sobre a morte de um dos autores mais destacados da música portuguesa. A interpretação destes jovens músicos mereceu um forte aplauso dos presentes.
O que é uma Cidade Educadora ?
O que distingue uma cidade que se chama a si própria educadora, de outra que não usa esse título?
Estas são perguntas feitas por quem é confrontado com a notícia de que existem em Portugal, actualmente, 46 cidades educadoras, e em todo o mundo são 442 cidades que assim se proclamam.
A ideia partiu de Barcelona nos anos 90, e desde então não parou de crescer. Mas a sua génese remonta a duas décadas antes quando a Comissão Internacional para o Desenvolvimento da Educação, estabelecida pela UNESCO tornou público um relatório que ficou conhecido pelo título “Aprender a Ser” assinado por Edgar Faure, Presidente da mesma comissão. Numa primeira parte deste texto é apresentado o estado da educação no mundo. A segunda parte descrevia “Perspectivas para o futuro”, e a terceira parte apontava “Para uma cidade Educativa”.
Hoje, considera-se que todas as cidades são “educativas”. Porque têm ruas, praças, espaço público, pessoas que interagem em espaços informais e institucionais, para além de competências formais em matéria de educação.
Mas “educadoras” são apenas as cidades que assumem a decisão de o ser, de forma intencional e deliberada, como prioridade da governação da cidade.
Évora é cidade Educadora desde o ano 2000, mas a generalidade dos cidadãos não se apropriou ainda da ideia, do que ela significa, ou do que pode proporcionar. Promover o contacto dos eborenses com o conceito de cidade educadora é um dos objecticos do ciclo de debates em curso, mas foi também a dimensão menos discutida nos dois debates já realizados.
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