Envelhecer ativamente!

Inicia-se a esta semana a comemoração do envelhecimento ativo no espaço europeu. Estrategicamente, em 2012, assinala-se o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações. A estratégia é facilitar e lançar as bases para a criação de uma cultura de envelhecimento ativo na Europa, baseada numa sociedade para todas as idades.

Dentro desta estratégia europeia, pretende-se dinamizar a solidariedade e a cooperação entre as várias gerações, tendo em conta a diversidade e a igualdade de géneros, proporcionar melhores oportunidades para que as mulheres e os homens mais velhos desempenhe um papel no mercado de trabalho, combater a pobreza, sobretudo das mulheres, e a exclusão social, incentivar o envelhecimento com dignidade, bem como estimular o voluntariado e a participação ativa na vida familiar e na sociedade são alguns dos pilares da celebração.

O debate é fundamental. Uma sociedade que não estima os seus idosos e não os trata com a dignidade numa fase diferente da sua vida, não pode ser catalogada de desenvolvida.

A história, bem como nalgumas civilizações, a função social do «velho» é de respeito, sabedoria e utilidade no apoio à decisão. Hoje, a organização socioeconómica das sociedades ocidentais relega para um plano de passividade inútil os seus idosos. São meros elementos duma sociedade que não os inclui, não os valoriza e, fundamentalmente, não lhe confere uma função social de saber acumulado e de utilidade necessária.

Se olharmos para a cultura egípcia, verificamos que as pessoas de maior idade representam a experiência e a sabedoria e tinham um papel indispensável no trabalho social enquanto educadores e guias dos mais jovens. No caso do povo judeu, os idosos ocuparam um papel fundamental. O Japão, país com o maior número de idosos do mundo, o respeito pelos idosos é um assunto cultural e assinalado como um marco desta sociedade. Os idosos são idolatrados. Os japoneses assinalam o Dia do Respeito aos Idosos.

Em Portugal, o envelhecimento da população é um drama social. Segundo o INE, entre 1960 e 2000 a proporção de jovens (0-14 anos) diminuiu de cerca de 37% para 30%.Segundo a hipótese média de projecção de população mundial das Nações Unidas, a proporção de jovens continuará a diminuir, para atingir os 21% do total da população em 2050. Ao contrário, a proporção da população mundial com 65 ou mais anos regista uma tendência crescente, aumentando de 5,3% para 6,9% do total da população, entre1960 e 2000, e para 15,6% em 2050, segundo as mesmas hipóteses de projecção isto é, somos cada vez mais velhos e menos jovens.

É bastante preocupante sabermos que o ritmo de crescimento da população idosa é quatro vezes superior ao da população jovem. Por outro lado, se em 1960 o índice de envelhecimento era de 27.3%, em 2010 este índice atingiu os 118.9%. É preocupante. É preciso mudar.

Olhar para os idosos como atores integrantes duma sociedade desenvolvida é fundamental e incontornável para a valorização do envelhecimento ativo. Se todos temos certo o envelhecimento, então todos teremos que semear agora, aquilo que iremos colher quando formos velhos. Projetos sociais em escolas, apoio a causas sociais, iniciativas de valorização do saber acumulado, contadores de histórias, registos etnográficos, podem ser algumas, entre muitas iniciativas que podem ajudar a envelhecer ativamente e evoluirmos enquanto sociedade que enaltece os mais velhos.

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