Salários em atraso paralisam arqueologia em Alqueva

Por em 12 de Agosto de 2014

Os trabalhadores de arqueologia da empresa Ozecarus, que desenvolvem a sua actividade em vários blocos de rega na zona de Beja, suspenderam o trabalho durante alguns dias, na semana passada, devido ao atraso no pagamento dos seus salários, disse ao PÚBLICO o Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia.

“Os arqueólogos vivem numa situação de precariedade desde Outubro de 2013”, afirmou o dirigente sindical André Gregório, precisando que desde aquele mês e até Maio “houve sempre atrasos nos pagamentos”. Entretanto, a situação, que atinge uma dúzia de arqueólogos e mais alguns trabalhadores indiferenciados, agravou-se e “em Junho deixaram de receber salários”. O incumprimento tem levado alguns arqueólogos que vão de fim-de-semana a casa – sobretudo residentes no norte do país – a não regressar a Alqueva. Segundo o sindicalista houve também alguns que ficaram em Beja pelas mesmas razões. Esta situação é apenas uma entre várias que evidenciam a “ instabilidade e a precariedade que têm marcado as condições de trabalho no sector da arqueologia” em Portugal. O sindicalista realça igualmente “a prática corrente de utilização de trabalhadores em situação precária” e a generalização dos “falsos recibos verdes”. Acresce ainda o “incumprimento”, por parte dos empregadores, dos compromissos assumidos com os arqueólogos, sendo cada vez mais comuns os casos em que os trabalhadores se vêm confrontados com “más condições de trabalho”. André Gregório destaca que estas situações são ainda “mais alarmantes” nas grandes obras públicas, por requererem um elevado número de trabalhadores. Os arqueólogos, acrescenta, estão a ser vítimas de uma “intensa depreciação de preços, que se tornaram completamente impraticáveis para se poder realizar um trabalho competente”. De acordo com o mesmo sindicalista, o contexto geral do país favorece este tipo de situações. Os baixos preços que servem de base aos concursos de selecção das empresas de arqueologia, como sucede nos concursos da EDIA (empresa pública que gere o empreendimento de Alqueva), fazem com que a “preservação e salvaguarda do património sejam colocados em causa”. André Gregório frisa que “o trabalho com rigor científico está posto de parte”, enquanto que para os arqueólogos a prioridade “passou a ser a subsistência”.

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